Entre perdas

quarta-feira, 11 de janeiro de 2017
Muitas flores são colhidas cedo demais. Algumas, mesmo ainda em botão. Há sementes que nunca brotam e há aquelas flores que vivem a vida inteira até que pétala por pétala, tranquilas, vividas, se entregam ao vento. As pessoas se vão. A gente tenta segurar, pega na mão. A mão escapa e a pessoa se vai. A gente urra de dor, esperneia, chora. Se descabela. Se revolta. Se desespera. Ai a vida, essa caprichosa vem e te derruba. Me pergunto dona vida você não tem dó do que faz com a gente? Foi um susto. Como num susto se foram tantos que já perdemos antes. O telefone que toca. A mensagem que chega. O mundo desmorona, a gente fica destruído. A falta de quem sempre esteve. O vazio indefinido por dentro. Um mix de tristeza, de luto, de e agora quem mais? Eu o próximo? Se pudéssemos ter consciência do quanto a nossa vida é efêmera talvez pensássemos duas vezes antes de jogar fora as oportunidades que temos de ser e de fazer os outros felizes. A vida é passageira e de repente ela te passa uma rasteira. Mas a gente não sabe adivinhar… Como lidar com um barulho desses? Talvez o grande segredo seja exatamente esse. Percebo que ninguém é para sempre. Nada é meu, como eu gostaria que fosse. Não há cofres, seguros e muito menos garantia que me protejam das perdas, das fragilidades da vida. A gente boia nas incertezas. Nada me protege de coisa alguma. Sou carne viva. Alma e coração. Tudo me dói. Então me dou conta de que só temos o hoje para amar.

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